Leiria já se encontra na rota da arte urbana. Um pouco por toda a cidade, obras de diversos artistas, nacionais e internacionais, adornam os espaços, oferecendo-lhes uma nova imagem.
Os murais podem ser contemplados, tanto em paredes cedidas pelo município como em paredes de edifícios privados, que receberam, assim, uma nova vida. Mas a arte urbana não se fica por aí.
Foi no âmbito do evento “Leiria, Paredes com História: Arte Pública“, que grande parte dos murais foram pintados. O projeto foi organizado pela associação Riscas Vadias, em parceria com a Câmara Municipal de Leiria e contou com a curadoria de Ricardo Romero, do Projeto Matilha. No total, ocorreram quatro edições, entre 2017 e 2020, e o resultado foram mais de duas dezenas de murais pintados.
Como não podíamos destacar todas as obras neste artigo, selecionámos quatro: a Garça, do português Bordalo II, criada na primeira edição do festival, o Bombeiro, do Robot, criado na segunda edição, Iraila de Sebas Velasco, criada na terceira edição e, por fim, Alive de Odeith, criado na quarta e última edição deste festival.
A “Garça” adorna uma parede lateral do antigo edifício da EDP, uma escultura que retrata um animal bastante avistado nas margens do Rio Lis, com os seus três filhotes. Seguindo o seu estilo único, Bordalo II construiu esta obra, em 2017, com lixo recolhido na cidade de Leiria.
Já o Bombeiro, de Robot, ergue-se numa parede nas imediações dos Bombeiros Sapadores de Leiria. A obra data de 2018 e é uma homenagem do artista português aos bombeiros após os graves incêndios de 2017 e retrata, com cores escuras, um bombeiro de semblante carregado.
Também Sebas Velasco, artista espanhol, deixou a sua marca em Leiria, com o mural Iraila, que fica na Rua Dr. António da Costa Santos, numa das fachadas da Escola Branca. A peça retrata uma jovem com um olhar contemplativo, evocando uma atmosfera de introspeção e melancolia, numa combinação de realismo e cores escuras.
Por fim, na última edição do festival, em 2020, uma das obras construídas pertence a Odeith, um artista Lisboeta capaz de transformar qualquer parede num impressionante mural em 3D, através da ilusão de ótica e arte anamórfica. Foi o que fez na sua obra em Leiria, situada junto ao estacionamento dos Jardins do Lis Galerias, que contém um cão e um jipe, numa pintura que atravessa duas paredes e está repleta de sombras e ilusão de ótica, fazendo parecer que estão perfeitamente encaixados na parede.
Cada uma destas obras, com o seu estilo muito próprio, acrescenta beleza às ruas de Leiria. A elas, juntam-se muitas outras, que podes conhecer aqui.
Fora do evento de Arte Pública, outros artistas também fizeram das paredes as suas telas. É exemplo disso o “Pátio do Jordão”, na Rua Tenente Valadim, próximo do Museu de Leiria. Aquele “beco sem saída” ganhou outra imagem quando António Cova, Lisa Teles, Mara Mures, Nuno Gaivoto, Patrícia Penedo e Tenório, todos artistas da região de Leiria, aceitaram o desafio do teatro O Nariz e pintaram as fachadas das oficinas e garagens daquele lugar. O resultado de três fins de semana de pinturas é muita cor e criatividade, num espaço que não pedia menos que isso.
Mas nem todos os artistas se deixam identificar. Em 2011, um “artista-mistério” fez diversas intervenções pelo concelho, que aguçaram a curiosidade da comunidade. Da menina no cemitério de Carvide ao homem apressado na já desativada estação de comboios de Monte Real, passando pelos corvos nos pilares do viaduto da A17, em Amor, foram várias as obras que criou. No centro histórico de Leiria, destaca-se o beijo entre Amaro e Amélia, recuperando a história de “O Crime do Padre Amaro”, que se encontra junto à Sé Catedral, local que passou rapidamente a fazer parte da Rota D’O Crime do Padre Amaro.
Fotografia 1: Região de Leiria
Saindo da pintura e olhando para a escultura, temos, mais uma vez, diversas intervenções de Ricardo Romero. A mais recente situa-se no Jardim da Almuinha Grande e intitula-se “Futuro”. A peça é composta por uma mulher e uma criança, duas gerações diferentes a caminhar lado a lado na mesma direção. A obra tem como objetivo ilustrar a relação entre o jardim, concebido como um espaço acessível a toda a comunidade, e a passagem do tempo, marcando a importância do diálogo entre gerações e interligando o passado, o presente e o futuro. A criança, que segura um vaso, simboliza a necessidade de plantar no presente para que se possa colher os frutos no futuro.
Além destas, também um gato e um cão, estátuas do mesmo artista, vagueiam pela cidade. O cão foi apelidado de “Kynon” e está no exterior da Villa Portela. O gato, por sua vez, foi mais uma obra desenvolvida no âmbito do projeto de Arte Pública, em 2019, e foi colocado no telhado do Centro Cívico de Leiria, junto à Rua Direita e bem enquadrado com o Castelo de Leiria, simbolizando os gatos que vagueiam pelos telhados da cidade. Ambas as estátuas foram desenvolvidas em resina acrílica.
Podes conhecer mais estátuas espalhadas pela cidade, aqui.
Estas são só algumas das várias obras que enriquecem a paisagem de Leiria. Ao caminhares pela cidade, terás oportunidade de descobrir muitas outras, cada uma com uma expressão única.
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