Duração B
Curto: 9 pontos de paragem (B): 1h30
Tempo A
Longo: 15 pontos de paragem (A): 2h30
A presença judaica em Leiria remonta a inícios do século XIII, estabelecendo-se uma comuna fora das muralhas da vila, que foi crescendo até ao seu apogeu no século XV.
A Judiaria é ainda hoje percetível na malha urbana de cariz medieval, onde em 1492 se instala o tipógrafo Samuel de Ortas, imprimindo, em 1496, o Almanach Perpetuum, de Abraão Zacuto, fundamental para os descobrimentos portugueses.
Da judiaria permanece a memória da Igreja da Misericórdia como templo construído no local da antiga sinagoga. Nesta igreja barroca localiza-se o Centro de Diálogo Intercultural, que integra igualmente a casa de fundação medieval, dita Casa dos Pintores.
Início do percurso: Igreja da Misericórdia
Fim do percurso longo: Moinho do Papel
Fim do percurso curto: Praça Rodrigues Lobo
Itinerário de Lugares: 15 pontos de paragem – percurso longo (A);
9 pontos de paragem – percurso curto (B)
1 – Centro de Diálogo Intercultural e Sinagoga de Leiria
2 – Casa do Arco
3 – Casa dos Pintores
4 – Rua Barão de Viamonte (Rua Direita)
5 – Travessa da Tipografia
6 – Rua Latino Coelho (Rua da Judiaria)
7 – Miradouro da Torre Sineira da Sé
8 – Castelo de Leiria
9 – Sé de Leiria
10 – Praça Rodrigues Lobo
11 – Rossio de Leiria
12 – Igreja do Espírito Santo
13 – Fonte das Três Bicas
14 – Igreja e Convento de Santo Agostinho – Museu de Leiria
15 – Moinho do Papel
1. Centro de Diálogo Intercultural e a Sinagoga de Leiria
A comuna judaica girava em torno da sinagoga, situada no local da atual Igreja da Misericórdia, um templo cristão com reminiscências maneiristas e barrocas, que foi classificado como Monumento de Interesse Público, em 2015.
A Irmandade da Misericórdia de Leiria terá sido criada em 1544, tendo esta igreja substituído de certa forma, na área baixa da cidade, a função desempenhada pela Igreja de S. Martinho (demolida entre 1546 e 1549), pelo menos até à construção da Sé, em 1559.
2. Casa do Arco/ Arco da Misericórdia
No local onde atualmente se encontra a Casa do Arco, edifício com elementos de Arte Nova, projetado por Ernesto Korrodi, existiu até 1800, o hospital e a albergaria da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, transferidos nessa data para o novo hospital, no Bairro dos Anjos.
Este local evoca a memória das portas da judiaria de Leiria, remontante a inícios do século XIII, e que abririam para a Praça de São Martinho, atual Praça Rodrigues Lobo.
3. Casa dos Pintores
A Casa dos Pintores, edifício de origem medieval, está situada no centro da judiaria, junto ao antigo Largo dos Banhos, sendo uma das raras construções que testemunham a arquitetura de habitação mais antiga no Centro Histórico. A designação Casa dos Pintores deve-se à grande quantidade de artistas que retratam a sua fachada.
4. Rua Barão de Viamonte (Rua Direita)
A população judaica fixa-se, na idade média, numa área marginal da vila medieval, extra-muralhas, ao longo da antiga Rua Direita, atual Barão de Viamonte. A judiaria atinge o seu auge no século XV, até à expulsão dos judeus de território nacional, em 1496.
Os trabalhos arqueológicos realizados na zona vieram revelar uma intensa ocupação desde a Baixa Idade Média, que se estende ao longo das épocas Moderna e Contemporânea.
5. Travessa da Tipografia
A importância de Leiria para a história da tipografia em Portugal é reconhecida por ter sido nesta vila medieval que existiu uma das primeiras oficinas de impressão tipográfica do país. A partir de 1492, com a chegada a Leiria da família Ortas, serão impressos vários incunábulos hebraicos e, em 1496, o importante Almanach Perpetuum, do matemático Abraão Zacuto.
6. Rua Latino Coelho (Rua da Judiaria)
A Judiaria, estrutura urbana fechada e orgânica, assenta numa teia de construções e numa malha medieval, organizada em torno da sua sinagoga e dos arruamentos que ainda hoje existem. A família dos Ortas, tipógrafos, teria casa na Rua da Judiaria ou Rua Nova (atual Rua Latino Coelho).
7. Judiaria de Leiria (miradouro da Torre Sineira da Sé)
A judiaria leiriense apresentava um desenho urbano, tipo espinha de peixe, com arruamentos que ainda hoje mantem o traço medieval, e que acabaram por se tornar numa zona central da cidade.
A Judiaria teria o seu centro nevrálgico na zona de interseção da Rua Barão de Viamonte (Rua Direita) com a Rua Nova ou da Misericórdia (Rua Miguel Bombarda), anteriormente designada Rua da Judiaria.
8. Castelo de Leiria
O Castelo de Leiria e respetivo núcleo muralhado, ex-libris do concelho, localizam-se num local privilegiado, marcado pela junção do rio Lis com o rio Lena.
Os vestígios arqueológicos indicam que aquele morro será ocupado desde há cerca de cinco mil anos.
Leiria foi conquistada aos muçulmanos, em 1135, por D. Afonso Henriques, tendo o seu castelo uma evolução arquitetónica complexa, com elementos de cariz militar (Torre de Menagem), civil (Paços Novos) e religioso (Igreja de Nossa Senhora da Pena).
9. Sé de Leiria
A Catedral de Leiria é um edifício maneirista, sóbrio, cuja construção se iniciou em 1559, na sequência da demolição da Igreja de São Martinho (entre 1546 e 1549), e abertura da nova praça. A 22 de maio de 1545 é criada a Diocese de Leiria e, no mesmo ano, a 13 de junho, Leiria é elevada a cidade. O conjunto arquitetónico da Sé de Leiria foi objeto de classificação como Monumento Nacional em 2014.
10. Praça Rodrigues Lobo
A principal praça da cidade tem o nome de Francisco Rodrigues Lobo, poeta cristão-novo natural de Leiria, cuja família foi afetada pelas perseguições promovidas pela Inquisição, na sequência do édito de expulsão dos Judeus e Mouros, de 1496. Nesta praça, podemos admirar uma estátua, de homenagem ao poeta, da autoria de Joaquim Correia.
11. Rossio de Leiria
No antigo Rossio, ajardinado na 2ª metade do século XIX, encontramos duas notáveis peças de arte pública: a estátua do Pastor Peregrino e a escultura O Lis e o Lena. O Pastor Peregrino, de 1959, do escultor Pedro Anjos Teixeira, é uma referência à obra de Francisco Rodrigues Lobo, poeta leiriense, que fixou os nomes dos rios Lis e Lena. Na Fonte Luminosa, a escultura O Lis e o Lena, obra do mestre Lagoa Henriques, é uma alusão àqueles rios, tendo sido inaugurada em 1973.
12. Igreja do Espírito Santo
Monumento religioso de cariz barroco, datado do século XVIII, foi construído no local de uma ermida de finais do século XIII, com o mesmo nome. Esta teria anexos um hospital e uma albergaria que, em 1614, foram absorvidos pela Santa Casa da Misericórdia de Leiria.
13. Fonte Grande, das Carrancas ou das Três Bicas
Este fontanário, com bebedouro para animais, de inspiração barroca, igualmente conhecido como Fonte das Carrancas, terá sido construído no século XVIII.
14. Convento e Igreja de Santo Agostinho – Museu de Leiria
Complexo religioso, classificado como monumento de interesse público, com traços Maneiristas e Barrocos.
Entre 1577 e 1579, pouco tempo após a elevação de Leiria a cidade e a diocese (1545), teve início a construção da Igreja e do Convento de Eremitas Agostinhos, por iniciativa do Bispo D. Frei Gaspar do Casal. Ao lado encontra-se o primeiro seminário diocesano (1671-1672).
Após 1834, acolheu aquartelamentos do Exército. O espaço do convento alberga, atualmente, o Museu de Leiria, inaugurado em 2015.
15. Moinho do Papel
Em 1411, D. João I concedeu alvará régio a Gonçalo Lourenço de Gomide para fazer papel em Leiria, tendo começado a funcionar neste local aquela que tem sido considerada a primeira fábrica do papel, em Portugal.
A produção de papel na vila medieval poderá estar relacionada com a instalação de uma das primeiras oficinas tipográficas do país, da família do impressor judeu Samuel de Ortas.
Após intervenção do arquiteto Siza Vieira, o conjunto edificado funciona, desde 2009, como espaço museológico.