A Lenda dos Corvos
Reza a lenda que, no tempo do rei D. Afonso Henriques, o Castelo de Leiria, tendo uma localização estratégica, era muito cobiçado por invasores.
Certo dia, o rei foi surpreendido por um regimento de Castelhanos e ordenou que os seus soldados cercassem o Castelo.
Ao perceberem que estavam em franca desvantagem numérica perante as tropas inimigas, os soldados portugueses desanimaram.
Mas eis que um corvo decide pousar nos ramos de um pinheiro, bem por cima do exército amedrontado, e logo começa a bater as asas e a crocitar, aumentando de intensidade com o início da batalha.
O inusitado da situação viria a revelar-se um bom presságio para os soldados, dando-lhes a coragem que precisavam para saírem vitoriosos.
É em memória deste feito que brasão da cidade de Leiria tem inscritos dois corvos pretos.
A Lenda da Princesa Zara
Reza a lenda que, há muito, muito tempo, andava o rei D. Afonso Henriques a conquistar terras aos moiros quando tomou Leiria com o seu exército, tendo aqui construído um castelo e seguido para sul, para continuar a sua demanda.
Os moiros, sabendo que o castelo se mantinha com guarda fraca, regressaram e conquistaram de volta a localidade, deixando como seu guardião, um velho moiro que vivia com sua linda filha, de olhos verdes e cabelos louros, chamada Zara.
Certo dia, ao pôr do sol, estava a moira à janela do Castelo, a pentear os cabelos de seu pai, quando avistou movimentos estranhos no Arrabalde, como se o mato se deslocasse, incerto na sua direção.
Então, a linda princesa perguntou ao seu velho pai:
– Oh, Pai, o mato anda?
Ao que o pai respondeu:
– Anda, sim, minha filha, se o levam.
E, de facto, eram os guerreiros do rei, que avançavam cautelosamente para o Castelo, camuflados com o mato que iam cortando, para não serem vistos.
Já próximo da chamada porta da traição, investiram sobre a fortaleza e conquistaram-na, mais uma vez.
Da bela princesa e do seu velho pai, nunca mais se ouviu.
Amor e Cegovim
Reza a lenda que, num dos seus demorados passeios a cavalo pelos arredores da cidade de Leiria, o rei D. Dinis se cruzou com uma camponesa de formosura tal, que logo se deixou enamorar, tendo ali, entre campos floridos, nascido um grande amor.
As visitas do rei ao seu grande amor tornaram-se habituais e conhecidas pelas redondezas, o que levou a que passassem a chamar aquele lugar de “Amor”.
Quando este amor chegou aos ouvidos da rainha, esta quis mostrar-lhe a sua reprovação e, certa noite, mandou iluminar o caminho por onde o rei deveria passar para regressar a Leiria.
D. Dinis, ao ver o seu trilho iluminado por fogaréus, logo percebeu que era resultado do descontentamento da rainha Isabel e exclamou:
– Até aqui cego vim!
Desta história terão nascido os nomes de 2 localidades: Amor e Cegovim, esta última uma natural evolução que a pronúncia popular transformou em Cegodim.
O Milagre das Rosas
Reza a lenda que, sendo a rainha Santa Isabel conhecida pelo ímpar amor aos mais desfavorecidos e extremamente caridosa, tinha por hábito dar esmolas fartas às gentes pobres dos arredores, o que ia contra a vontade do rei D. Dinis.
Certo dia, a rainha dirigia-se, mais uma vez, para uma das suas oferendas, levando no seu regaço uma grande quantidade de pães para distribuir pelos mais pobres, lá para os lados da vila de Monte Real, quando foi surpreendida pelo rei, que lhe perguntou o que levava no manto.
A rainha logo lhe respondeu:
– São rosas, Senhor!
O rei, desconfiando, voltou a questionar:
– Rosas em janeiro?
Então, a rainha abriu o manto, deixando cair os pães já transformados em lindas rosas.