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O legado arquitetónico de Ernesto Korrodi em Leiria

11 de Abril

O legado arquitetónico de Ernesto Korrodi em Leiria

11 de Abril

Castelo de Leiria

Falar de Ernesto Korrodi é falar, obrigatoriamente, da reconstrução do Castelo de Leiria. Foi este projeto que uniu o arquiteto a Leiria, tendo começado com um levantamento do que restava das ruínas, originando um livro, publicado em 1898 – “Estudos de Reconstrução sobre o Castelo de Leiria”. Mais tarde, em 1910, iniciaram-se as primeiras obras de consolidação, com a ajuda da “Liga dos Amigos do Castelo de Leiria”, criada pelo próprio Korrodi.
Durante os trabalhos de reconstrução, foi recuperada a Alcáçova, a habitação do Vigário-Geral, as dependências junto à linha da muralha, os caminhos de ronda e a casa do guarda, onde hoje está instalada a receção.
Este projeto foi de tal forma especial e inspirador para Ernesto Korrodi, que o mesmo deixou inscrito no seu testamento que queria ser sepultado virado para o castelo.

Paços do Concelho

A primeira intervenção do arquiteto Ernesto Korrodi, em Leiria, foi a construção dos Paços do Concelho, em parceria com José Theriaga, numa obra adjudicada em 1897. O edifício foi concebido para albergar a Câmara, o Tribunal, a Cadeia da cidade e Aula Distrital.
A fachada principal tem uma decoração de inspiração clássica, com uma componente geometrizante. Na parte superior do edifício destaca-se o brasão com torre de três andares, dois pinheiros com um corvo em cima de cada um deles e uma estrela de três pontas. Por cima deste conjunto, encontra-se uma coroa mural de três castelos.
Já no interior do edifício, destaca-se o Salão Nobre, decorado por Korrodi, em 1911, com a colaboração do pintor/escultor Luiz Fernandes, ao estilo Arte Nova foi inspirado nos ideais republicanos, presentes nas almofadas sobre as portas, onde estão inscritas as palavras “Liberdade”, “Fraternidade” e “Igualdade”.
O edifício foi inaugurado em 7 de outubro de 1910, três dias antes da Implantação da República em Portugal.

Villa Hortênsia

Quem caminha pela Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque, junto ao Mercado Municipal de Leiria, com certeza já se deparou com a imponente vivenda que ali se ergue, com o Castelo em pano de fundo. Trata-se da “Villa Hortênsia”, a residência familiar de Ernesto Korrodi, que foi construída entre 1905 e 1910.
Esta casa marca a conjugação da arquitetura com a escultura, com um toque urbano, mas adotando influências da Arte Nova, ligeiramente aflorada na estilização das grades de ferro forjado, varanda sobre o alpendre e linhas onduladas e assimétricas do arranque do corrimão do alpendre. Além da função decorativa, estes elementos também demonstram a notória preocupação de Korrodi em integrar a habitação na paisagem envolvente.

Casa do Arco

A Casa do Arco, localizada na Rua Afonso de Albuquerque, é assim chamada pelo seu arco azul com vista para a Praça Rodrigues Lobo, que liga os dois prédios em cada lado da rua.
Este foi um projeto de adaptação e alteração de Ernesto Korrodi, em 1912, que nasceu da necessidade de ampliar a área habitável do edifício onde residia José Gaudêncio Barreto.
O emblemático arco foi transformado numa galeria envidraçada como referência ao antigo claustro, com capitéis e colunas. As suas varandas possuem cantarias e uma pérgula no interior, que sugerem um ambiente romântico de gosto italiano.

Mercado de Sant’Ana

Construído no local onde, entre o século XV e XIX, se ergueu o Convento de Santa Ana, cujas instalações foram parcialmente destruídas por um incêndio causado aquando das invasões francesas, o atual Mercado de Sant’Ana foi projetado por Ernesto Korrodi e inaugurado em 1931.
Neste projeto com linhas setecentistas, Korrodi procurou implementar uma arquitetura eclética, que resultou numa planta trapezoidal irregular, composta por várias arcadas envidraçadas que delimitam um terreiro descoberto em todo o seu interior.
Atualmente, o Mercado de Sant’Ana conta com um espaço expositivo, 2 auditórios, galerias ao ar livre para eventos e espaços de comércio nas arcadas abertas para o exterior, assumindo-se como um espaço intergeracional que propicia a partilha e vivência social e que recebe, periodicamente, alguns dos principais eventos da cidade, como o Prove Leiria Doçaria e a Feira do Livro.

Companhia Leiriense de Moagem

Adaptado às necessidades industriais da Companhia Leiriense de Moagem, em 1920, nascia este emblemático edifício amarelo onde, em tempos, foi o Convento de S. Francisco.
O projeto, da autoria de Ernesto Korrodi, acrescentaria um andar ao edifício original, preservando a totalidade do Claustro, datado do século XVIII.
Em 1927, foi projetado o alargamento do escritório e divisões adjacentes e logo depois a edificação da casa da máquina anexa à fábrica, destinada à moagem do milho rijo proveniente do Alentejo.
Recentemente, em 2018, o edifício sofreu nova requalificação, dando lugar ao projeto residencial “Moagem Heritage”, que garante a preservação do legado patrimonial.

Prédio Marques da Cruz

O prédio “Marques da Cruz”, encomendado a Ernesto Korrodi, em 1920, pelo empresário António Marques da Cruz, marca o encontro entre a Rua Mouzinho de Albuquerque e a Rua S. Francisco.
O rés-do-chão do edifício destinava-se a estabelecimentos comerciais ou depósitos de mercadorias, nomeadamente vinhos, sendo que os restantes três pisos estavam vocacionados para habitação.
Na parte de baixo, precisamente pelo tipo de atividade a que se destinava, destaca-se uma arquitetura mais industrial, revestida a azulejo, enquanto que os pisos superiores apresentam uma linguagem decorativa marcada pela influência tardogótica e manuelina.
A fachada do prédio retrata uma decoração revivalista, com reminiscências do Castelo de Leiria, tendo sido concebida nas formas tradicionais das casas do século XV, com um minucioso trabalho em pedra nos vãos das janelas, sobre a entrada, entre outros pormenores decorativos.

Banco de Portugal

O projeto, da autoria de Ernesto Korrodi, foi solicitado pela Direção do Banco de Portugal e inaugurado em 1929.
O edifício tem uma composição simétrica, com três volumes, todos delimitados por pilastras, sendo os volumes laterais mais altos que o central. Na fachada principal, as colunas possuem capitéis jónicos em pedra lioz, com as armas nacionais em cima.
As cornijas distinguem o edifício como peça arquitectónica, no contexto urbanístico envolvente.
Este é mais um edifício com uma grande marca do movimento artístico Neobarroco, com apontamentos de Arte Nova e que, nos dias de hoje, alberga o BAG – Banco das Artes Galeria.

Villa Portela

Localizada num espaço verde privilegiado, bem no centro de Leiria, a Villa Portela foi mandada construir por Roberto Charters Henriques d’Azevedo, em 1894.

Era uma propriedade autossuficiente, uma espécie de enclave pitoresco nos arredores da cidade de Leiria, onde se destaca o edifício com 3 pisos, que albergam mais de 20 divisões e uma área envolvente que possui um conjunto de diversas espécies vegetais, de inegável valor ecológico para a cidade.

Era um espaço onde figuras ilustres de Leiria se encontravam, onde Ernesto Korrodi ia várias vezes, entrando diretamente pela biblioteca onde encontrava frequentemente Afonso Lopes Vieira.

Atualmente, o edifício encontra-se em obras de reabilitação, com o objetivo de se transformar num Centro de Artes, cumprindo o desejo do antigo proprietário.

Sé de Leiria

A 22 de abril de 1907, Leiria quis homenagear três Bispos da Diocese: D. Pedro Vieira da Silva, D. Manuel de Aguiar e D. João Manso. Ernesto Korrodi desenhou as suas placas tumulares, que ladeiam o altar da Nossa Sr.ª da Conceição, da Sé Catedral de Leiria, classificada como monumento nacional em 2014.
A lápide de D. Manuel de Aguiar é a maior e mais imponente, com realce para a arca tumular.
Os túmulos ostentam uma inspiração clássica, com uma harmonia das proporções, caráter geometrizante e rigoroso e um jogo de cores simples projetado pelo mármore e bronze.

Se quiseres conhecer estes e outros locais emblemáticos da cidade, aproveita e percorre a Rota Leiria Histórica. Não te vais arrepender!